Coluna - O meu Rio

Dicas através do olhar dos psicanalistas

A equipe do comitê local está cuidando para que a organização do congresso da FEPAL esteja intimamente conectada ao seu tema e ao trabalho que a diretoria científica está construindo. Essa postura nos remete a construção de um congresso que leve em consideração o Rio de janeiro atual que ferve em diversidade, complexidade e intensidades em meio a sua permanente beleza e autenticidade.

Nesse espaço de dicas de locais de visitação pensamos em oferecer a leitura e o contato com o olhar que os colegas que vivem e trabalham no Rio têm do seu bairro e/ou local que possuem alguma conexão afetiva. Inspirados pela canção de Arlindo Cruz que descreve o seu bairro de Madureira, convidaremos, ao longo dos próximos meses que antecedem ao congresso, a escrita de colegas que vivem e circulam pelos diferentes bairros e locais da cidade descrevendo o seu lugar, o seu Rio.

Acreditamos que assim, poderemos apresentar a diversidade dos membros e analistas em formação cariocas, que hoje, vai além do reduto da zona sul da cidade e que marcam um exercício da psicanálise em conexão com a subjetividade daqueles que a exercem. Ao criar esse espaço queremos aproximar os colegas do Rio e os que vêm a ele desfrutar do congresso, ampliando e trazendo em destaque um Rio de Janeiro para além dos pontos turísticos sempre exuberantes e à vista em qualquer link da internet.

Viajar para um psicanalista é algo mais amplo do que “turistar”. A observação psicanalítica fina e atenta se beneficia quando nos permitimos explorar em nossas viagens, a íntima capacidade de se deixar atravessar pela alteridade e a diversidade que uma cidade como o Rio de Janeiro pode oferecer. Inspirados pela seção “Cidades Invisíveis” da Calibán, a publicação oficial da FEPAL, criamos essa coluna O meu Rio, onde apresentaremos o que os psicanalistas daqui gostariam de apresentar desse território tão surpreendente que é a nossa cidade, onde vivemos e trabalhamos.

O Meu Lugar - Arlindo Cruz

O meu Rio: O analista carioca indica

ARNALDO QUINTELLA REVIVE EM BOTAFOGO

Conhecida no passado por ser um reduto de oficinas mecânicas na Zona Sul e levar o nome de um conceituado médico carioca do início do século XX assinado por uma de suas pacientes, a Rua Arnaldo Quintella, no bairro de Botafogo, entrou para o ranking internacional como uma das mais “cool” pela Time Out, a prestigiosa revista sobre arte, entretenimento, comidas e bebidas, atrações e otras cositas más para se fazer nas grandes cidades do mundo.

Situada no “lado B” de Botafogo, a Arnaldo Quintella desperta devagar, mas já amanhece com deliciosos pães artesanais frescos de uma padaria do bairro, menos badalada, mas não menos gostosa do que sua famosa rival a poucos passos dali. Na hora do almoço, restaurantes servem especialidades peruanas, como o ceviche, passando por pratos incontornáveis da culinária brasileira. E ainda tem uma sorveteria vegana deliciosa para coroar o almoço, ainda que o Brasil não seja mais um Império há bastante tempo.

Mas é à noite que a rua se tornou um dos melhores redutos da boemia carioca, com a chegada de novas casas na região. É possível viajar pelos “pés-sujos”, botequins mais simples, nas ruas transversais à Arnaldo Quintella, até os descolados bar à vins, como o Belisco, um dos bares de vinhos mais disputados. Drinques cheios de brasilidade, petiscos gostosos, uma das melhores pizzarias da cidade como a Ferro e Farinha… E, tudo isso para terminar a noitada na pista de dança do irreverente Culto, com sua luz led vermelha e placa na porta, que bem podia figurar numa canção de cabaré de João Bosco e Aldir Blanc ou na voz da inesquecível Elis Regina: “Se você não é racista, homofóbico, sexista ou um idiota, então é bem-vindo”.

CASARÃO CULTURAL JOÃO ALABÁ NO JARDIM SUSPENSO DO VALONGO, NA PEQUENA ÁFRICA

Convido a todas/todes/todos que para visitar o Casarão, e em especial a exposição “Abdias Nascimento: sujeito coletivo” em celebração ao Biênio Abdias Nascimento (2024-2025)!

A exposição traz réplicas de suas pinturas.

Addias foi o fundador do Teatro Experimental do Negro em 1944; também era poeta, dramaturgo, artista plástico, ativista do movimento pan-africanista, deputado federal, senador da República e professor emérito da Universidade do Estado de Nova York (EUA). Ele foi um distinto representante e fomentador da história e cultura afro-brasileiras.

O Casarão Cultural João Alabá a rua Camerino, S/N (em frente ao nº 50), Gamboa, Rio de Janeiro – RJ

Acesse o Instagram: @casaraoalaba

JARDIM DE ALLAH – UMA RECORDAÇÃO DESENCOBRIDORA

Saindo do Túnel Rebouças, o viajante é recebido por uma explosão de luz e maravilhas: um espelho d´água que reflete a paisagem ao redor – sol, concreto e verde; atletas, vendedores e passantes; bebês, idosos e muito mais se misturam em um colorido fascinante. Apesar do precário cuidado que lhe é dispensado, a Lagoa Rodrigo de Freitas continua linda, encantando o olhar.

Para se chegar ao mar, carece contorná-la até um canal construído em 1930, cumprindo esta finalidade e promovendo a renovação da água, evitando o assoreamento e a morte de peixes. O canal que seria navegável, permitindo a circulação de pequenas embarcações, em geral, pescadores, engendrou uma fronteira entre os bairros de Ipanema e Leblon. A seguir criaram um jardim em torno dele, batizado com o nome de Jardim de Allah, influenciado por um filme americano, de mesmo nome, que fazia sucesso então. Arvores traziam sombra e brisa fresca graças a dança dos galhos, famílias frequentavam o passeio e, enfim, na década de 50, instalaram um “ponto de cavalos” onde meninos sonhavam ser cowboys e meninas em ser a noiva do cowboy, cujo cavalo só falava inglês. Não havia qualquer reflexão sobre o genocídio dos povos originários e a brincadeira era considerada inocente. O outro lado da verdade foi uma desilusão tardia. Essas imagens lembram tempos vividos, laços fraternos que se multiplicaram através de filhos e netos dessa infância remota.

Ao longo das décadas foram deixando o jardim fenecer e o canal, frequentemente, assorear exalando mau cheiro. Nesse exato momento resolveram passar a limpo o lugar. Para tanto, encobriram-no com tapumes e, ali escondido, vai ocorrer a mágica, o jardim recuperado. A possibilidade de falar sobre um canto do Rio me estimulou a desencobrir esse espaço, visitando minha memória .Acredito que dentro de um ano tudo esteja preparado e desencoberto. Faço um convite: voltem para conhecer o novo Jardim de Allah ... porém, aquele que eu descrevi, com cavalo e charrete de bodinho fedorento é só meu, faz parte das “cidades invisíveis”, “cidades da memória”, como a Veneza de Marco Polo.

MORROS E CACHOEIRAS

Meu Rio das inúmeras trilhas, cachoeiras e vistas deslumbrantes!

Para a vida de psicanalista estabelecida dentro do consultório, horas a fio mergulhando em cada universo que se apresenta em nossa clínica, nada mais apropriado que uma visita à mata atlântica com suas inúmeras trilhas, com seu cheiro de floresta, terminando com a umidade refrescante de um ótimo banho de cachoeira depois de uma corrida ou caminhada.

Em uma cidade metropolitana, além das famosas praias, podemos usufruir desta maravilha em várias regiões da nossa Cidade. São inúmeros passeios, muito bem demarcados na gigantesca trilha Transcarioca que cruza diversas montanhas. Temos acesso às cachoeiras do Jardim Botânico em poucos minutos na Zona Sul, às cachoeiras do Parque Nacional da Tijuca na Zona Norte e as do maciço da Pedra Branca na Zona Oeste. Tudo muito bem demarcado e preservado com o espetáculo das vistas de um Rio visto de cima!

NATUREZA, BOEMIA E ARTE: UM CIRCUITO PELA CIDADE

Para mim, falar do Rio é falar de movimento.

Começando pela minha querida Zona Norte: recomendo um passeio pela Floresta da Tijuca, fragmento exuberante do bioma da Mata Atlântica, onde você poderá se refrescar em uma cachoeira ou se aventurar em suas trilhas.

Para o almoço, nada mais zona norte do que um bar com mesas e cadeiras na calçada e, claro, uma cerveja gelada. Por lá fica o tradicional, e premiado, Bar Madrid, também na Tijuca. Já para quem deseja uma deliciosa feijoada, a pedida é visitar a Kaza123 (que abriga a livraria afrocentrada “Kitabu”), no bairro de Vila Isabel, terra de Noel Rosa e Martinho da Vila.

Falando em música, é inesquecível a experiência de assistir a um show no Circo Voador, na Lapa, onde frequentemente se apresentam artistas consagrados da música popular brasileira. Por fim, para o melhor da bossa nova, indico o Beco das Garrafas, em Copacabana, onde há shows ao vivo diariamente.

COM AÇÚCAR E COM AFETO

Manauaras adoram um bom café da manhã ou da tarde. O hábito da mesa cheia de delícias regionais, cercada de afeto e embalada por longas conversas devia ser declarado como patrimônio afetivo imaterial da cultura amazonense. Tendo feito a travessia de um rio a outro, acho que essa é uma das coisas que mais me ajudam a fazer do Rio minha casa, então, resolvi dividir com vocês uma pequena coleção de lugares deliciosos pra tomar um cafezinho, comer um croissant ou um bolinho e bater um papo.

Em Santa Teresa temos o Café no Alto, um restaurante nordestino que serve café da manhã em estilo buffet livre. Maravilhoso. Já em Copacabana, temos quatro padarias artesanais excelentes: a Farro, o De Copa, o Pepo Café e a Sova. Com muitas opções doces e salgadas e também de bebidas, são lugares bons pra sentar, conversar e, especialmente nos três últimos com suas mesas ao ar livre, apreciar o lifestyle carioca.

UM LUGAR NO RIO DE JANEIRO

valendo me de experiencias vividas enquanto residi na cidade maravilhosa dedico algumas linhas ao bairro do Alto da Boa Vista. Ele está localizado entre os bairros da Tijuca e a da Barra da Tijuca.

Por ser um bairro arborizado costuma ter as temeraturas mais amenas da cidade e o ar mais puro.

em especial recoemdo a visita a um local do bairro chamado Cascatinha. chega-selapartindo da pracinha do Alto ( é assim que nos referimos carinhosamente ao Alto da Boa Vista). É um lugar bucolico onde está plantada a floresta da Tijuca.

Este local encanta a todos, não importa se é a pela primeira ou enézima vez da visita. Brasileiros e estrangeiros se deleitam com a vista, maravilha da natureza.

Trata-se como o nome sugere de uma queda d água singela, não muito grande, mas extremamente simpática; desce por uma pedra, daquelas de tamanho medio, e cuja vazao da agua varia de acordo com a epoca do ano, de mais ou menos chuva.

Impossivel nao se enternecer com a puljancia da natureza, ali tao perto de nos.

Fotos da queda dágua e as chamadas selfies no local sao inevitaveis

Seguindo por estradinhas estreitas e tortuosas adentramos a floresta da Tijuca onde varias surpresas nos aguardam. A vegetacao de mata atlantica se impoe magnifica, e nao raro vemos grupos de observqdores de passaros com seus binoculos e chapeus em busca daquele passaro mais bonito e raro, sejam familias passeando com seus filhos, ou caminhantes solitarios.

Curioso é saber que esta mata foi toda plantada e replantada por ordem de Dom PEDRO II, sim ainda na epoca do Imperio.

Cabe uma visita e se possivel uma caminhada pelas diversas trilhas. o contato com a natureza exuberante nos causa aquela sensacao primeva de integracao e bem-estar.

Para completar o passeio ha um restaurante OS Esquilos que pode surpreender paladares não tão exigentes.

Bom passeio a todos!

DICAS DE PASSEIOS

Cresci em Copacabana no Rio de Janeiro em uma época em que andávamos de bicicleta e caminhávamos na orla da famosa Avenida Atlântica onde tudo acontece. Lá, temos as grandes festas cariocas, como a comemoração do Ano Novo, que reúne mais de dois milhões de pessoas com queima de fogos e grandes shows ao vivo.

Para passear e desfrutar de uma bela vista, não pode faltar uma visita à pedra do Leme e ao Forte Copacabana, localizados cada um em um ponta da praia em formato de ferradura. Vale conhecer também o Arpoador, localizado no início da praia de Ipanema, pela beleza do encontro das praias de Copacabana, Ipanema e uma outra menor chamada praia do Diabo. É simplesmente lindo! Por esses lugares, andei muito anos, seja passeando, indo as praias ou assistindo os surfistas pegarem onda no Arpoador.

Recomendo um passeio pela Lagoa, onde morei por muito tempo. Trata-se de um bairro mais residencial, cercado por uma exuberante natureza e por morros. Na orla da Lagoa tem uma pista onde podemos caminhar. Existem alguns bares e restaurantes, alguns com música ao vivo à noite.

Vale, ainda, uma visita à Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Outeiro da Glória. Uma pequena igreja do tempo de D. João VI, localizada no alto de um morro no bairro da Glória, onde me casei há quase 40 anos. Um lugar belíssimo!

Aos que gostam de um bom restaurante, tipicamente carioca e boêmio, recomendo a tradicional Cantina La Fiorentina, localizada no bairro de Ipanema. Durante muitos anos, foi um reduto para encontro de artistas. Até hoje tem nas suas paredes fotos e assinaturas de grandes nomes de atores de teatro.

DIAS FERREIRA - LEBLON

A rua Dias Ferreira, situada no final do Leblon, é um atrativo para turistas, bem como para os residentes do Rio. Saindo do Hotel Sheraton, fica logo abaixo no final do Leblon, bem perto da estação do metrô Antero de Quental. É um excelente programa noturno pela sua vocação de boemia, um verdadeiro agito. São várias opções de restaurantes e estilos gastronômicos, incluído comida italiana, oriental, francesa, portuguesa, e com vários botecos de comida brasileira e internacional. A rua foi eleita como polo gastronômico da cidade e já foi palco de várias novelas. Em datas festivas, os restaurantes colocam seus bares nas ruas para animar e músicos se apresentam. A Dias Ferreira, ou a DF, como muitos a chamam, é um programa imperdível para todas as idades. Você, congressista, não se se preocupe com o figurino, pois irá encontrar de todos os estilos. E a partir do horário de almoço, a rua fica movimentada até a alta madrugada. Fica aqui o convite para escolher um bom restaurante, ou apenas passear do início ao fim para apreciar tudo que a rua oferece.

A MELHOR MANEIRA DE CONHECER O RIO É FLANAR PELA CIDADE

Chegar ao Rio de Janeiro de avião, no aeroporto Santos Dumont, é uma experiência inesquecível! Ver a Baía de Guanabara, a sinuosidade das praias, as montanhas que cercam a cidade, a cor do mar, a natureza exuberante, certamente um cartão postal desta cidade que se destaca pela diversidade de sua população e de seus bairros, cada um com seus recantos e encantos, sua tradição e seus costumes.

A melhor maneira de conhecer o Rio é flanar pela cidade … andar no calçadão de Ipanema e Copacabana tomando uma água de coco.

Ir ao centro da cidade para conhecer seus teatros e edifícios históricos. Dançar e ouvir um bom samba a noite, na Lapa. Subir o morro da Conceição com um guia, para saber um pouco da história e da formação do nosso povo.

Andar de bonde até Santa Tereza, um bairro que preserva algo do Rio antigo com muitos ateliês e espaços culturais abertos à visitação. Ir a alguma feira de artesanato, como a que acontece aos domingos em Ipanema, ou aos sábados na Rua General Glicério em Laranjeiras, onde se escuta uma boa música, enquanto se toma um chope com bolinho de bacalhau.

Sugiro ver o pôr do sol no Arpoador; o mar, as praias de Ipanema e Leblon, com seus luxuosos edifícios a beira mar. As luzes que se acendem na favela do Vidigal ao longe nos lembram que o Rio é uma cidade de contrastes, onde convivem a riqueza e a pobreza, a violência e a cordialidade, uma cidade que pulsa na sua mágica beleza.

MEMÓRIA DE UMA MINEIRA NO RIO

O Rio de Janeiro sempre foi uma alegria no meu coração. E desde a primeiríssima vez que fui à Cidade Maravilhosa, vinda da minha Belo Horizonte para um Congresso de Estudantes de Psicologia, a experiência já foi agradável. No dia que cheguei na cidade, saí de manhã bem cedo para andar ao redor da Casa de Rui Barbosa, onde nos hospedamos, uma vez que eu "estava em pleno Rio de Janeiro". Enquanto os colegas dormiam eu, com meu vestidinho florido, andava mirando o mar que se avizinhava, e as construções antigas com mais idade que a cidade de Belo Horizonte. Entre maravilhada e cheia de expectativas, vi um homem andando em minha direção com seu cachorrinho. De longe julguei estar vendo alguém que minha "gestalt" comparava a Ney Matogrosso. Mas, me disse logo: pura fantasia de fã! E continuei andando. Entretanto, à medida que eu andava, pensava estar alucinando, pois o homem ficava cada vez mais parecido com o cantor. Então, me lembrando que não deveria ser uma fã chata, passei sorrindo por ele, trocamos um bom dia, não sem antes reparar bem em ambos, e saí desse encontro com a certeza de que era meu ídolo! Assim, a Casa de Rui Barbosa, além de sua magnífica construção, tornou-se um cadinho cheio de afeto parar mim! Viva o Rio de Janeiro!

LA CARIOCA EN LA PLAYA: UM LEBLON COM PITADAS DE AMÉRICA LATINA

O meu Rio é pé na areia. É caminhar descalça na areia gelada de nosso tímido inverno ou mesmo pular aos saltos, de havaianas, para chegar num ponto mais perto do mar durante o alto verão. A praia é referência. E quando ali podemos ancorar, vivemos uma espécie de experiência condensada do ser carioca: observar tudo junto e misturado. O mar nos acompanha o ano todo e a praia é ponto de encontro, e desencontro, de nossa complexa cidade. É uma salinidade que convida ao pensar...

Na praia do Leblon, recomendo o La Carioca en La playa, quiosque que se localiza em frente à Rua Afrânio de Melo Franco. Ali se pode tomar um café da manhã delicioso após uma caminhada e mergulho, almoçar em mesas que ficam tanto no calçadão quanto na areia, tomar drinques deliciosos (recomendo o El faro), disfrutando de uma comida peruana em sintonia fina com a culinária carioca. Não raro, o por do Sol no Laca (assim conhecidos por seus frequentadores regulares) é deslumbrante! À noite, principalmente nos finais de semana, o quiosque oferece shows de jazz e rodas de samba com os melhores artistas cariocas, tanto os jovens quanto os já consagrados.

DELÍCIAS GASTRONÔMICAS

Num primeiro momento, penso logo em delícias gastronômicas. O restaurante Anna, no Jardim de Alá, além de uma decoração aconchegante, serve ótimos pratos de peixe. A confeitaria Torta e Cia. em Botafogo, tem doces deliciosos e a Absurda, no Jardim Botânico, é uma excelente opção. Para dar um caráter mais cultural, indico a Instituição Casa Roberto Marinho, no Cosme Velho, que tem um acervo de arte excelente, além de um ambiente muito agradável.

A LAPA

Um samba pra cada canto da cidade. Este é o Rio de Janeiro e para a Lapa não poderia faltar!

Diz o verso que "enquanto a cidade dorme, a Lapa fica acordada". Verdade. Bairro boêmio do Rio de Janeiro, palco de muitas histórias, dos malandros e do samba, teve um período abandonado pelo poder público, mas começou a ser revitalizado pela ocupação cultural na década de 90.

Aos pés dos imponentes Arcos da Lapa e vendo passar o bondinho que leva à Santa Teresa, o bar Semente fez brotar de novo o samba e o choro na região. Tive o privilégio de viver esse momento, vendo chegar à cidade músicos fantásticos como o violonista Yamandu Costa, e acompanhando o despontar da diva Teresa Cristina nas noites cariocas, entre outros. Daí em diante as casas de samba se multiplicaram. Hoje, a Lapa ferve com todo tipo de música e manifestação cultural, na rua ou nos botequins, do clássico, na belíssima e reformada sala Cecília Meireles, ao popular, nos memoráveis shows do Circo Voador - um capítulo à parte - ou numa esquina qualquer, no melhor estilo democrático, característico do bairro.

Com sua localização central, a Lapa reúne diferentes tribos e moradores de todo canto da cidade e também turistas. É um choque de realidades, possibilidades e contrastes, um passeio pela história e a cultura, mas também uma vitrine de algumas mazelas da cidade.

MARACANÃ

O Maracanã, nome do rio assoreado que cruza o bairro da Tijuca, é o grande templo do futebol. Ídolos venerados e lendas sagradas do futebol o reverenciaram ao adentrar o gramado.

O Maracanã vibra no calor das torcidas e na visita ao museu que conta a sua história e documenta seus grandes e incontáveis eventos. Entre esses, os dribles de Garrincha, o milésimo gol do Pelé, o jogo Brasil x Paraguai que classificou a fabulosa seleção tricampeã de 1970 com incabíveis 180000 torcedores presentes (eu estava lá).

A primeira vez no Maracanã para torcer pelo seu time é memória marcante de um certo menino.

O Maracanã foi reformado, remodelado, repaginado. Diminuiu a capacidade de público, elitizou-se, mas ainda conserva muito da magia da infância.

BEM-VINDO À BARRA DA TIJUCA: O EQUILÍBRIO PERFEITO ENTRE MODERNIDADE E NATUREZA

A Barra da Tijuca é um bairro localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, conhecido por suas belas praias e por ser uma área de alto padrão.

Esse bairro é reconhecido por seu desenvolvimento imobiliário acelerado nas últimas décadas, resultando em uma região predominantemente residencial e comercial.

O bairro possui uma infraestrutura completa, com diversos condomínios residenciais, shoppings, restaurantes, escolas e centros comerciais. Além disso, a Barra da Tijuca é famosa por sediar grandes eventos esportivos, Rock in Rio e as competições de surfe.

Com uma extensa faixa de areia, é um local muito frequentado por praticantes de esportes ao ar livre, como surf, stand up paddle e vôlei de praia. A Barra da Tijuca também conta com uma ampla oferta de lazer, como parques, ciclovias e campos de golfe.

A infraestrutura moderna da Barra da Tijuca oferece uma variedade de atrativos, atendendo às necessidades de seus moradores e visitantes. Além disso, o bairro é lar do Parque Natural Municipal Chico Mendes, uma preciosa reserva ambiental que proporciona oportunidades para atividades recreativas ao ar livre.

É um bairro moderno e cosmopolita, perfeito para quem busca qualidade de vida e contato com a natureza.

NITERÓI

Niterói, carinhosamente apelidada de "cidade sorriso", está situada a 13 km do Rio de Janeiro e conserva um charme à parte pelos ares de cidade pequena e pelas praias paradisíacas.

Dona das praias de Itacoatiara, Camboinhas, Piratininga e Itaipu, que são conhecidas por oferecer verdadeiros espetáculos no pôr do sol.

O Parque da Cidade de Niterói possui um mirante com uma visão panorâmica única das lagoas, praias oceânicas, bairros de Niterói, Baía de Guanabara em toda a sua extensão e do mar aberto até onde a vista consegue alcançar. Avista-se também a cidade do Rio de Janeiro com alguns de seus bairros e a Ponte Rio-Niterói. Sua vista panorâmica recebeu pontuação máxima no Guia Verde Michelin. O parque conta com duas rampas para a prática de voo livre, sendo muito frequentado pelos praticantes desse esporte.

Niterói é a segunda cidade do mundo com o maior número de obras do arquiteto Oscar Niemeyer (a primeira é Brasília), sendo o Museu de Arte Contemporânea - MAC o símbolo da cidade, patrimônio nacional e considerado uma das maravilhas arquitetônicas do mundo, além de ser um dos cartões-postais da cidade.

Viver em Niterói é ser abraçado todos os dias pela beleza da natureza e pelos encontros que uma cidade pequena proporciona aos moradores e visitantes

IPANEMA

“Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça”… Ipanema ficou mundialmente famosa pela música de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. O doce balanço das moças na praia, o surfe no Arpoador, o futvôlei, o pôr do sol nas areias da praia (tradicionalmente, acompanhado por palmas no final) - tudo isso e mais um pouco fazem de Ipanema, desde os anos de 1960 até hoje, um símbolo icônico do Rio de Janeiro. Mas nem só de praia vive o carioca. Ipanema abriga a Livraria da Travessa, lugar cativante do bairro para adquirir (ou só folhear) livros e tomar um café em ambiente acolhedor. Ainda no circuito cult, temos o Teatro Ipanema, o Teatro Cândido Mendes e a Casa de Cultura Laura Alvim - vale conferir a programação. Se a fome bater, a cena gastronômica do bairro é de alto nível - destaque para os italianos Posì e Pici Trattoria; querendo algo mais boêmio, o Bar Lagoa (que tem também uma “filial” em quiosque na orla) cumpre papel no quesito de bons pratos tradicionais, acompanhados do chope tão desejado nas noites quentes do Rio. O domingo do carioca não pode deixar de contar com uma bela caminhada no calçadão da orla e, querendo um café da manhã à beira mar, o ARP Bar é excelente pedida, de frente pra praia mais charmosa e democrática do bairro: a praia do Arpoador. Fique até o pôr do sol, você não vai se arrepender!

PRAIA VERMELHA

De verdade não é um bairro geopoliticamente falando. É parte da Urca; sua porta de entrada. Refiro-me à Praia Vermelha, entre o Cara de Cão e o Morrinho de divisa com o Leme. Começa ali na Av. Pasteur, esquina com Venceslau Braz: onde hoje é o Campus da UFRJ, antigo Hospício Geral fundado no Império. Para mim e para a História ali nasceu a Urca. Pelos idos dos anos 20, século passado, a Praia mesmo era fechada por um quartel de ponta a ponta. Tratava-se de Zona militar, tendo ao redor um areal. Ali teve lugar a Intentona Comunista nos anos 30, fato que foi impulso para demolição do quartel e abertura da praia então ao público. Veio junto o bondinho até o Pão de Açucar, o Edifício dos Militares e outras unidades militares como o Forte São João no final da Urca.

Na década de 20 meu bisavô construiu ali quatro casas para seus quatro filhos, dando início ao bairro que depois se estendeu até o Forte São João, passando pelo ex Cassino da Urca e TV Tupi, parte da Praia da Urca. Trata-se de bairro residencial com muitos bons restaurantes. Atualmente o Restaurante da Urca, às portas do Forte, é cercado por multidão que se aglomera na murada admirando a mais linda vista do Rio: da ponte Rio-Niterói a direita e o Iate Clube do RJ a esquerda.

PEQUENA ÁFRICA

O cais do Valongo, também conhecido como Pequena África, merece ser visitado, pois para mim, estar neste lugar é sankofar, como dizia Abdias Nascimento, retornar o passado para ressignificar o presente e construir o futuro. O local figura como um importante espaço histórico e representativo do país. Trata-se de um dos sítios arqueológicos mais preservados da atualidade e representa a memória material dos africanos escravizados que chegaram ao Brasil. Sua coleção arqueológica, fruto das escavações no local, já apresenta 466.035 peças e destaca-se pela excepcional concentração de materiais associados à diáspora africana. Atualmente, o Centro de Referência da Celebração da Herança Africana representa, junto ao sítio arqueológico, um centro de acolhimento turístico e espaço de reflexão sobre a importância do legado dos afrodescendentes na cultura das Américas.

LARANJEIRAS

O Bairro das Laranjeiras na zona sul do Rio, difere de outros mais turísticos, onde passam “meninas cheias de graça a caminho do mar”. Talvez sua vizinhança com o Cosme Velho, morada do bruxo chamado Machado de Assis, lhe confira um quê reflexivo e convide a morar , professores, músicos, jornalistas e psicanalistas. Eu sou uma dessas psicanalistas que tem o privilégio de ser moradora de uma rua muito especial, a bucólica General Glicério, com seu conjunto de belos prédios em centro de terreno todos com nomes de cidades de Pernambuco, estado natal do construtor. A rua tem um clima de cidade do interior e aos sábados recebe uma feira livre e em sua praça abriga um Grupo de Samba e Choro, ritmo carioca, Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil. Ali você pode ouvir uma boa música, bebendo uma gostosa caipirinha.

LAGOA RODRIGO DE FEITAS

Lagoa Rodrigo de Freitas, ou apenas, “a Lagoa” é uma poesia da cidade. Podemos admirar o Cristo, o morro dois irmãos e a cadeia de montanhas que descansa no horizonte.

Se baixarmos o olhar, o espelho d’água reflete os bairros ao redor. Podemos apreciar o mangue e as aves locais.

A poesia se estende no movimento dos atletas remando no seu interior ou correndo e pedalando a sua volta.

O carioca frequenta a Lagoa. Se exercitando, passeando, se reunindo nos quiosques, aproveitando a boa gastronomia ou tomando drinks relaxantes. O gramado recebe aqueles que não se importam em sentar no chão, e quem sabe um piquenique improvisado? Os românticos gostam dos pedalinhos, e certamente, a lagoa já foi testemunha de pedidos de casamentos…

Como estava dizendo… a Lagoa é uma poesia da cidade…

MADUREIRA

Bairro conhecido como "Berço do Samba" Madureira apresenta patrimônios culturais materiais e imateriais riquíssimos onde se destaca a presença marcante da cultura negra com o Samba, o jongo e o baile charme. Destaque para as duas importantes escolas de samba que estão no primeiro time no desfile do Carnaval Carioca: Portela e Império Serrano.

Vale muito andar pelas suas ruas onde encontramos o segundo maior polo comercial do Rio de Janeiro onde o grande protagonista é o "Mercadão de Madureira".

A importância da memória que esse bairro trouxe na minha formação pessoal eu carrego hoje como psicanalista principalmente pela riqueza das relações humanas ali presentes. "O meu lugar" como diz a emocionante canção dedicada ao Bairro composta por Arlindo Cruz e José Mauro Diniz.

COPACABANA

Copacabana, carinhosamente chamada de "Princesinha do Mar", é realmente um ícone do Rio de Janeiro. Sua praia em formato de meia lua atrai visitantes de todo o mundo, enquanto o Forte de Copacabana oferece uma vista panorâmica deslumbrante da orla, com seus quiosques e a famosa Confeitaria Colombo, conhecida pelo seu café da manhã colonial. Nas ruas do bairro, a vida noturna agitada é evidente, especialmente no "baixo copa", repleto de bares e restaurantes interessantes. Além disso, o bairro do Leme complementa a experiência de Copacabana, oferecendo tranquilidade e vistas deslumbrantes do Morro do Leme a partir do Forte Duque de Caxias.

Leme e Copacabana são como dois corações pulsantes que batem no ritmo vibrante da cidade maravilhosa. É onde a brisa do mar se mistura com o calor humano, criando uma atmosfera única e acolhedora. Viver nesses bairros que são ricos em cultura, diversidade e vida amplia os horizontes e enriquece as experiências.

LARGO DO BOTICÁRIO

O Largo do Boticário é um oásis secreto no Rio, um refúgio nostálgico que encanta a todos os seus "descobridores". Está localizado no pequeno e histórico bairro residencial do Cosme Velho, onde moro e também trabalho. Esse bairro é um recanto de paz, muito verde e com lindas casas e marcado pela encosta do Corcovado, o morro mais alto da cidade, e também pelo Rio Carioca, o rio que forneceu a água para que a cidade crescesse durante 350 anos.

Um dos poucos lugares onde ainda se pode observar o Rio Carioca, rio ancestral já quase totalmente canalizado, correndo livre em meio a mata, é justamente no Largo do Boticário que fica a uma curta caminhada da estação do trem do Corcovado que nos leva até o Cristo Redentor, um marco turístico conhecido.

Basta entrar em uma ruela estreita, de paralelepípedos seculares, para desembocarmos nesse largo, com seus casarões em estilo neocolonial, onde viveu no século XIX um antigo boticário (farmacêutico) que deu o nome ao local. É um lugar mágico, cercado pela Mata Atlântica e uma atmosfera imemorial que inspira pintores até hoje. Quem quiser aproveitar mais tempo nesse clima bucólico pode tomar um cafe no charmoso hotel Jo & Joe inaugurado há pouco tempo.

JARDIM BOTÂNICO

Jardim Botânico é uma expressão viva da beleza e da cultura de nossa cidade. Com uma rica história e uma paisagem natural exuberante, este bairro encanta com sua atmosfera única e charmosa. Com suas ruas arborizadas e seus casarões históricos, o bairro exala uma aura de elegância, onde a arquitetura colonial se mistura com a contemporaneidade, criando um ambiente vibrante e inspirador. Além do parque Jardim Botânico, que serviu de inspiração para diversas letras de Tom Jobim e do parque Lage, o bairro abriga uma variedade de galerias de arte, espaços culturais, cafés acolhedores e lojas encantadoras. É um lugar onde as tradições se encontram com a modernidade, criando uma cena cultural pulsante e dinâmica.

Ter sido nascida e criada em um bairro tão bucólico trouxe ao meu olhar a necessidade da desaceleração do ritmo frenético da vida urbana e apreciação dos pequenos prazeres da vida.